domingo, 9 de agosto de 2009

tôrpe e tórpe, mas nenhum dos dois

curiosa esta tarde de inverno, que, mais curiosamente ainda, parecia mais é com uma tarde escaldante de verão. o jazz escorria feito suor das caixinhas de som enquanto o lilás tingia ferozmente minha garganta de vinho tinto; o bloco de notas, rígido e em branco, pedia para ser aliviado / esvaziado de tanto vazio-alvor; quem sabe não molda-lo numa bela campina, florida de lírios cintilantes refletindo sua sobriedade virginal numa orgia onde ébrios mancebos se catariam e se entrelaçariam, estremecendo-se'm orgásmico palor!
não!, camomila!, tua calma, ha!, jaz dissolvida nos gozos mais puros do fogo.
e crepitante, o bloco se anima a cada estocada nos gongos do amor.

mas espera. ouço, vindos de lá, daquela montanha encurvada feito girassol caduco onde à sua beira a campina se desfaz, rumores insípidos de que o vagalume que Maldoror esmagou no urbano refúgio dos homens - cuja maldade é camuflada embaixo das asas da concórdia plastificada -, estás vivo novamente e quer vingança; é só ouvir o amargor que esmurra de seus passos que rufam feito bufalo enraivecido. mas esta questão será catarrada no momento em que o cobiçoso se enfurecer ao ver que não há pote de ouro a deixá-lo milionário além do arco-íris.

mas deixemos esta sobriedade de lado e escorreguemos no escorrega da razão, onde o clubinho do bolinha reinvindica uma herança bastarda. mas não sei, um inútil qualquer, vagabundo miserável, disse-me haver no "lógos" uma certa operação de poder carnívoro esperando o momento do bote. quem me dera viver entre cascavéis, pelo menos assim, são sinceras quando o momento do bote fica mais próximo que a cópula de átomos numa molécula...
e agachado em minha pequenez espero não ter perjurado em minha humilde pejorativa corroída pelo sarcasmo infante-venenoso que habitou, por um pequeno instante, as minhas pinceladas caóticas; mas afinal, não estou lidando com cascavéis...

cânticos nos cantos do mundo, a contemporaneidade escravizada pela liberdade - mais surreal que qualquer surrealista já pôde surrealizar! - garantida por contratos assinados com a merda aquosamente podre da burocracia. e dizem que sonhar é ilusão; concordo, há gente que acredita nisso tudo!... afinal, a caqueticice se torna mais caquética quando ela mesma é quem se caqueticiza. não, não sou comunista; e não me venham me dizer que "nos tempos da ditadura. puta que pariu a quatro, pra mim, caquetice é caquetice.

enfim, não quero mais pintar,
- melhor é voltar ao jazz da orgia ou à orgia do jazz -
pois a tela ficou cheia de caca.

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